O poema de Pouchkin que gostava de ter ouvido no Club des Poètes

Há felizes coincidências na vida. Uma delas foi o facto de ter assistido a uma soirée de poesia russa no Club des Poètes em Paris precisamente após a minha viagem à Rússia. Das diversas vezes que fui ao dito clube de poesia, nunca tinha assistido a nenhuma soirée de poesia russa. Foi preciso ter viajado até à Rússia e de me ligar ao poeta Pouchkin para reencontrá-lo novamente naquele espaço que tanto gosto em Paris. Todavia, de todos os poemas que conheço do Pouchkin, houve um que gostava que tivesse sido recitado na soirée de poesia russa e que, infelizmente, não o foi. Eu bem que perguntei se havia alguém que soubesse recitar o poema "La lettre brulée" mas ninguém se acusou. Ainda assim, pesquisei pela internet para descobrir o poema original mas sem sucesso. Em todo o caso, fica aqui o poema em questão traduzido em francês e português. A tradução portuguesa foi eu que a fiz a partir da versão francesa. 

La lettre bruléev
Adieu, lettre d'amour, adieu! Elle l'ordonne...
Mais combien j'ai tardé, que ma main fut rétive
à sacrifier au feu la trace de mes joies!...
Puisque l'heure a sonné: brûle, lettre amoureuse,
je suis prêt et mon coeur ne veut plus rien entendre.
Tes feuilles sont touchées par la flamme vorace...
Un moment! Un éclair! Elles flambent... légère
une fumée s'enroule, emportant mes prières.
Maintenant s'évanouit l'empreinte du cachet
et la cire en fondant grésille. ô Providence!
C'en est fait. Les feuilles noircis se crispent,
sur l'impalpable cendre encore transparaissent
les lignes tant aimées. J'ai le cœur lourd. Ô cendre,
humble consolation pour mon destin en deuil,
demeure à tout jamais sur mon cœur affligé.

A carta de amor queimada

Adeus, carta de amor, adeus! Ela assim o ordena
Mas tanto que tardei, pois a minha mão foi reticente
a sacrificar ao fogo o vestígio das minhas alegrias!...
Visto que a hora chegou: arde, carta de amor,
eu estou pronto e o meu coração não quer ouvir mais nada.
As tuas folhas são tocadas pela chama voraz.
Um momento! Um clarão! Elas ardem... ligeira
uma fumaça se enrola, levando as minhas preces
agora se desvanece o vestígio do escondido
e a cera ao derreter crepita. Ó Providência!
Está feito. As folhas enegrecidas crispam-se,
sobre a impalpável cinza ainda transparecem
as linhas tão amadas. Tenho o coração pesado. Ó cinza,
humilde consolação do meu destino em luto
permanece para sempre sobre o meu coração afligido.

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