A impossibilidade de se saber quem se é



               
"Nunca soube quem eu era. Sou um caos mental. Um caos em perpétua mudança. Uma certa quantidade de lembranças e de esquecimentos, de amores e de ódios. Uma infinidade de efeitos. Não sei quem sou. Nunca me contemplei num espelho."

– Fernando Vallejo

"Je n'ai jamais su qui j'étais. Je suis un chaos mental. Un chaos en perpétuel changement. Une certaine quantité de souvenirs et d'oublis, d'amours et de haines. Une infinité d'effets. Je ne sais pas qui je suis. Je ne me suis jamais contemplé dans un miroir."

– Fernando Vallejo

Em certa medida, também me revejo naquilo que Fernando Vallejo diz acerca da identidade. Um homem percorre o mundo, aprende novas línguas, abraça novas culturas, experimenta o inesperado e eis que ao voltar ao ponto de partida sente que aquilo que faz a sua identidade é um tear indiscritível de coisas que lhe foram sucedendo, às quais respondeu e que, em grande parte, se esqueceu. E o que fica somos apenas nós, este instante em que nos sentimos ser e no qual nos afirmamos:
                
                 Eu estou aqui.

A nossa identidade resume-se à palavra Eu. Mas a palavra Eu não explica nada. A única coisa que faz é afirmar uma presença. Daí que compreendo bem o caos mental de que fala Fernando Vallejo e a impossibilidade de se saber, em boa verdade, quem se é. Na vida já fomos tanta coisa e dessa tanta coisa, verdade seja dita, não fomos nada disso. 


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