Porquanto me inspiras, musa



Por qual caminho vieste andando, por passos ligeiros,
Musa que inesperada sobrevieste na aurora do encanto
Servo me condenar, afã, à lira de belos versos inteiros
Que esplêndidos sempre gravitam à luz do teu canto?

Por qual razão, se é que existe, me vieste iluminar
Se nada, depois de ti, há no mundo de beleza igual
A que possa confiar copiosamente fartos de errar
Meus olhos, timoneiros naquele outro mar sem sal?

E que dor sentida se amplia no rasgar do infinito
Quando por ti desabrocham todas as primaveras
Com a leveza duma força inatingível a outro mito

Que nem o tempo, que ao olvido convida deveras,
Pode de ti apartar no cair outonal do que sinto
Se no horizonte dos dias, cego, sempre me esperas.

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